Há dois dias eu e meu marido voltamos de nossa primeira viagem internacional. Como não pudemos evitar o clichê, escolhemos Buenos Aires. Sete noites e oito dias, muito para conhecer a cidade. Realmente apenas quatro ou cinco dias são suficientes. Mas mesmo assim foi uma viagem em tanto, sempre quis visitar um país estrangeiro, conviver com uma cultura, dinheiro e línguas diferentes. Tudo bem, não foi tão diferente assim, los hermanos não são tão apartados da América Latina o quanto pensam. Me pareceu que muitos argentinos acham que seu país é a Europa na América, mas a realidade mostra outra coisa. Aprender com o passado e viver o presente é muito melhor do que ficar apenas se imaginando no futuro. Acredito que o Brasil só começou a sair da miséria quando deixou de se imaginar como o "país do futuro".
Bem, a experiência do novo começou ainda no aeroporto de Guarulhos (tivemos que fazer uma conexão em São Paulo). Sempre ouvi sobre um tal de free shop que realmente valia a pena realizar compras. Mas durante as viagens domésticas tais lojas não eram tão interessantes assim. Preços nada diferentes do que achávamos em shoppings. Chegando em Guarulhos entramos no primeiro free shop, e nossa decepção continuou a mesma. Até que embarcamos para Buenos Aires, e fomos apresentados a um maravilhoso Duty Free, com preços em dólares e, agora sim, acessíveis! Free shops de verdade apenas em embarque e desembarque internacionais. Aprendido.
Quando fizemos o câmbio real-peso, fiquei maravilhado pela multiplicação de meu dinheiro. É muito bom trocar 500 reais por 1.250 pesos, não é mesmo? Não. 500 ml de água nos era cobrado 18 pesos em qualquer lugar que fôssemos. Pagar 7 reais por algo que eu pagaria no máximo 3 reais no Brasil foi um tipo de golpe no estômago: certamente teria que deixar de fazer muita coisa por causa dos preços altíssimos encontrados em terras portenhas. Mas enlouquecemos e deixamos de fazer apenas uma coisa: assistir a uma peça teatral, que estava por volta de 200 pesos. Em vez disso preferimos assistir a um show de Tango, estilo Broadway, pelo preço de 225 pesos cada entrada. Valeu a pena, assim como também vale comprar livros, muitos livros.
Mas, claro, os vinhos foram excelentes, como imaginava. Encorpados, secos e saborosos. Ah, claro, servidos à temperatura ambiente. No primeiro dia foi difícil, pois éramos acostumados a pelo menos deixá-lo um pouco na geladeira antes de servi-lo, mas já no segundo dia lidamos bem com o fato. Tomamos todos os dias, às vezes duas vezes ao dia, e continuamos a mesma boa impressão que tínhamos dos vinhos de Mendoza. Outra boa impressão que tivemos da Argentina foram os deliciosos doce de leite e alfajor. Realmente deliciosos e bem-feitos.
Para os pontos turísticos um pouco mais longe de onde nos hospedamos pegamos o subte (metrô). Preciso ressaltar aqui o perigo de pegar metrô em Buenos Aires: no sábado de manhã, com poucas pessoas no trem, uma moça tentou roubar meu marido colocando disfarçadamente sua mão no bolso dele. Eu vi o ato e puxei imediatamente a mão dela, que saiu do vagão como se nada tivesse acontecido. Bem, apesar do transtorno, este meio de transporte nos foi muito útil, pois com ele visitamos os lindos bairros de Palermo e Recoleta. No primeiro, conhecemos o Museo de Arte Latinoamericano (Malba) com obras famosas de artistas de toda a América Latina, como os brasileiros Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Portinari, e os mexicanos Diego Rivera e Frida Kahlo. Tivemos a sorte de conseguir presenciar a exposição da artista contemporânea brasileira Adriana Varejão. Valeu a pena, apenas 30 pesos por pessoa para entrar. Também fica em Palermo o Jardín Zoológico (também chamado de Zoo Buenos Aires), muito interessante e organizado. Mas não é neste zoológico que as pessoas podem entrar nas jaulas e tirar fotos com as feras
Uma viagem realmente ótima com uma companhia idem, que me despertou o interesse de continuar visitando outros países, além de aprender o idioma espanhol, que se mostra tão próximo do português, porém único.